Fonte e autoria do texto: http://mariacambez.blogspot.com/
Portugal - 31 de Maio de 2010
"Através da janela do laboratório onde trabalho vi uma pobre alma a deambular pela borda da estrada. Já a tinha visto por uma minutos a semana passada e depois desapareceu, e hoje ali estava ela - um pobre cão, fraquito, com muito mau aspecto, abandonado entregue à sua sorte. Segui-o e reparei que procurava água, então enchi um fundo de um garrafão com água e lá fui porta fora para lha dar, mas assim que me viu o caozito começou logo a andar e não a correr, pela estrada fora de volta para onde veio, onde se enfiou no meio das ervas. Contactei uma associação de protecção de animais de Peniche, onde não obtive ajuda, pois como todas as associações estão cheias e não têm espaço... Pois é, fiquei sem saber para onde me virar. Trouxe restos do almoço e ração para ver se o pequeno comia alguma coisa. Procurei-o e encontrei-o, escondido no meio das ervas, ali à espera...talvez da morte quem sabe.
Conseguem ver um cão na foto? Eu quase não consegui, mas quando chamei vi algum movimento e lá estava ele...Nem sei descrever o que senti no momento em que o vi mas foi muito chocante. Com ajuda dos meus colegas de trabalho tirámos o cão daquela morte certa e aí confirmámos o quão frágil e debilitado ele estava. Com algum custo porque mal se conseguia levantar comeu tudo o que lhe trouxemos, bebeu água e ao fim de alguns minutos conseguiu levantar-se e sentar-se, mas claramente o seu estado era muito fraco. Nem os olhos se viam, e quando levantámos o pêlo da cara, vimos ali um olhar de sofrimento e cansaço. Pudera, no estado em que estava nem sei como ainda sobrevivia. Não conseguimos ajuda, nada...só desespero em ver aquele pobre animal ali sem forças, sem vontade de nada. Decidimos falar com o canil de Peniche. Certamente o seu destino será a morte mais tarde ou mais cedo...mas sinceramente, antes morrer dignamente, do que morrer abandonado e em sofrimento. De qualquer forma irei tentar saber o estado dele. Nunca irei esquecer os olhos do Rasta, triste e cansado. Se tiver que morrer que seja em paz, pois neste estado deves ter passado muito, mais do que deverias. Perdido ou abandonado, espero que tenhas sido feliz um dia, e se alguém te abandonou, então que esse alguém sofra mais e durante mais tempo do que tu! E continuo a dizer e a sentir, cada vez gosto mais dos animais do que das pessoas!"
07 de Junho de 2010
"O Rasta é agora uma estrelinha no céu. Hoje que a ajuda ia finalmente chegar até ele, já com um dono à sua espera, o Rasta deixou-nos após alguns dias de espera. O seu estado era de facto muito debilitado, anca e perna partidas, cauda partida, febres altas...enfim, não se sabe o que causou tudo isto, mas ainda bem que o encontrámos e que pode ficar os seus últimos dias no canil, senão teria ficado no meio das ervas ou até na valeta onde se encontrava, a sofrer devagar, sozinho, à espera que a morte o viesse buscar. É triste ver um animal chegar a estes pontos, mas infelizmente o Rasta não é o único nem será a passar por isto. O abandono e maus tratos é cada dia mais e mais entre os animais...pobres infelizes que têm o azar de cruzar com gente má e desprezível. É maravilhoso ter um companheiro em casa à nossa espera após um dia cansativo de trabalho. Sempre bem disposto, com mimos para dar, saltos de alegria, um olhar meigo de quem espera um olhar, um sinal, uma atenção. E estará lá sempre, sempre para acompanhar o seu fiel amigo até ao resto da sua vida. Melhor companhia não há!"
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